25 de jul. de 2011

Uma nova abordagem sobre as listas

Há dezenas de livros e artigos que descrevem o poder e a vantagem de se usar "listas" para tudo em nossa vida, lista "coisas a fazer", "objetivos pessoais", "objetivos profissionais", "quero comprar" etc etc. Para suportar essa mania por listas temos à disposição inúmeros serviços na internet, software e até uma metodologia (a famosa GTD Getting Things Done criada por David Alen).
Não há dúvidas de as listas e checklists são importantes e úteis - mas será que o são, da mesma forma, para todas as pessoas ? Para alguns, manter listas do que precisam fazer é algo extremente assustador porque transmitem uma sensação de "incomplitude" e "incompetência".
Um dos problemas que vejo nas listas de "a fazer" é que elas naturalmente incluem atividades que nós, ou alguém, achamos que precisam ser feitas mas que na realidade não conseguem fazer com que nos mexamos para realizá-las, porque não nos dão satisfação ou não resolvem algum problema que nos afeta em particular. Assim "limpar o armário do escritório" pode permanecer na lista por semanas ou meses pois, além de lhe dar trabalho,  não lhe dará prazer.
A minha proposta é continuarmos criando listas, mas com outra ótica, outra abordagem.
Ao invés de manter listas de "tarefas a fazer", devemos criar listas de "o que me incomoda:" ! Quando nos deparamos com coisas que realmente nos incomodam, e que são passíveis de uma ação nossa, temos uma motivação natural para eliminar essas coisas, tirá-las de nosso caminho.
"Arrumar o armário do escritório" pode não significar nada para mim, mas "me incomoda deixar meus livros e catálogos de relógios desorganizados, longe da minha vista e das minhas mãos" é muito mais forte e demandará uma ação mais rápida e efetiva. O ponto chave é o incentivo, a motivação e a recompensa.
Para resolver algo que nos incomoda temos que realizar ações práticas (como as próximas ações do GTD de David Alen), mas elas estarão implícitas, não precisando estar escritas ou ter uma lista só para elas.

Assim, nossas listas serão: 


Para fazerEstá me incomodando
Levar o carro para lavarA sujeira do carro
Trocar a lâmpada da cozinhaA cozinha escura à noite
Arrumar armário do escritórioOs livros sobre relógios escondidos em algum lugar
Falar com o gerente sobre os problemas com fornecedoresOs problemas que alguns fornecedores trazem para nossa operação

Esta abordagem traz uma importante vantagem adicional que é abrir nossa mente para pensar em alternativas para resolver um determinado "incômodo". Eu já sei o que fazer quando a sujeira do carro me incomoda ou quando a cozinha está escura, mas pensar nos problemas trazidos por alguns fornecedores, ao invés de simplesmente "falar com o gerente", me fará refletir muito mais de modo que, quando for realmente falar com o gerente, eu leve alternativas e sugestões ao invés de apenas uma reclamação. 

Para fazerEstá me incomodando
Acabar com a corrupção no governo (!?!)Os casos de corrupção no governo !
(O que posso fazer:
- entrar na política e ser honesto
- criar uma ONG para fiscalizar as ações do governo
- mudar para outro país com menor índice de corrupção
- me formar em jornalismo e denunciar os casos de corrupção
- várias outras idéias...)

Os dois tipos de listas podem co-existir ? A resposta é sim; listas simples de "para fazer" são úteis no dia-a-dia para colocar ordem em atividades urgentes, de curta duração e que aparecem todas de uma só fez; também podem ser utilizadas num projeto estruturado, por exemplo a construção da sua casa de campo; em várias atividades profissionais, os checklists também são essenciais como descrito no post sobre o Doutor Atul Gawande, autor do livro "The checklist".

Então, mãos à obra, comecemos a listar tudo aquilo que nos incomoda.


(This article in english)

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